
Semana passada, resolvi dar uma saída do meu costumeiro tédio de férias. Não que eu esteja torcendo para começar aquela louca rotina de faculdade, claro! Ainda mais sabendo como corrido vão ser meus dias? Não mesmo.
Enfim... Fui ao centro da cidade andei um pouco, vi vitrines, olhei o movimento. E como não podia deixar de ser, passei em frente a Casa da revista e acabei fazendo algo que a um bom tempo não fazia... comprei uma Capricho.
Sei que muita gente aí deve estar tendo a mesma reação que a minha mãe teve quando viu a revista: “Você não acha que já saiu dessa fase de ler Capricho?”
Tentei rebater com um “E agora para ler a Capricho tem que ter fase específica?” minha justificativa foi bem frustrada, diga-se de passagem, mainha continuou o discurso dela.
Fazer o que? :S
Naquele dia de noite resolvi que jogaria no lixo pelo menos metade das 30 revistas que eu tenho guardada. Revolta? Não! Eu faço isso sempre que resolvo arrumar minha mesa.
Até porque se eu mantivesse todas as revistas que compro guardadas, tenho certeza que ainda encontraria alguma das Witch que eu costumava ler quando tinha 12 anos.
Antes de mandar as revistas para a reciclagem resolvi recortar e guardar as coisas que mais me chamassem atenção e folheá-las foi um momento de nostalgia agradável, como abrir um diário antigo que resolvemos parar pra ler.
Lembrei que em todas as fases da minha vida houveram uma revista Capricho. Aos 12 anos me contentava com as Witch porque minha mãe dizia: “essa revista não é pra gente da sua idade!”, dos 13 aos 14 consegui liberdade condicional para comprá-las com a condição de mainha supervisionar as principais matérias, depois dos 15 a diversão era garantida e aos 17 dividia as Caprichos que comprava com as meninas que faziam pré-vestibular comigo. E foi por essa relação, digamos emocional, que mesmo depois de picotadas não consegui me desfazer de nenhuma.
Mas uma coisa me chamou a atenção.
Depois de passar por todas aquelas páginas, recortar todas aquelas fotos e todas aquelas matérias percebi que poucos foram os assuntos que me interessaram realmente. Os picotes se resumiam a editoriais, algumas crônicas sobre coisas cotidianas, artigos musicais e indicações de filmes e livros. Juntando tudo, não completaria nem metade de uma revista completa.
Daí meu irmão entra no quarto e pergunta: “Por que você tá fazendo isso? Cortando essas revistas? Antes você brigava por elas e agora tá aí destruindo.”
Qual foi minha resposta? Nenhuma. Ele saiu antes que eu pensasse em algo convincente.
Mas aquela pergunta me fez chegar à conclusão que minha mãe queria eu já tivesse chegado há um tempo.
Boa parte dos assuntos da revista realmente não me interessam mais como interessavam a 2 ou 3 anos atrás, provando que sim, eu já saí da fase de ler Capricho. Não por ter 18 anos, fazer faculdade ou morar sozinha, mas por pensar diferente, agir diferente e dar mais importância a outros tipos de assuntos.
Não é o que você lê, o que você escuta ou o que você vê que define o tipo de pessoa que você é. Temos gostos particulares e cabe a qualquer outro respeitar isso, mas é fato que algumas coisas com o passar do tempo vão perdendo a importância e o espaço nas nossas vidas. Sem dúvida nenhuma se eu voltasse no tempo, com certeza leria tudo outra vez. E se um dia eu precisar, porque não dar uma passada na estante central da Casa da revista?
O que temos que ter certeza é que depois de um tempo não é a seção da Casa da Revista que temos que mudar. Se eu quisesse, poderia muito bem continuar a ler Witch ou Capricho se isso continuasse me interessando independentemente da minha idade. O que temos que mudar com o tempo é a seção dos pensamentos! Não dá para ter 18 anos e pensar como alguém que tenha 12.
O que cada um viveu até hoje tem que ficar como as minhas revistas, guardadas junto com as melhores lembranças, para que tenhamos espaço para guardar as novas experiências que virão.
No meu caso, tive que arrumar um espaço para as Caprichos no fundo do armário para conseguir guardar os enormes livros da faculdade e as milhares de páginas de Xerox que vieram! Ah, meu deus olha eu falando em faculdade denoooooovo!!!! ¬¬'
Naquele dia não consegui colocar nenhuma das revistas no lixo, quem sabe daqui a dois ou cinco anos?
Até o próximo post. Continuem lendo, essa Vale :D